Quanto conhecimento cabe em 40 anos? O fundador da Fermentec, Henrique Vianna de Amorim, fez um relato emocionado com passagens, histórias e mostrou todo o trabalho de pesquisa e transferência de tecnologia executado ao longo de quatro décadas na abertura da 39ª Reunião Anual realizada nos dias 19 e 20 de julho em Ribeirão Preto. A empresa de Piracicaba desenvolve metodologias e transfere tecnologia para processos em fermentação alcoólica (produção de etanol), fabricação de açúcar, engenharia, entre outras atividades industriais.
Enquanto contava sua história, Amorim aproveitou para homenagear pessoas que o ajudaram e contribuíram para que a Fermentec se tornasse essa referência em tecnologia para o setor.

A ciência percorre a vida de Amorim desde a infância e foi o grande motor de sua atividade profissional. Mais de 10 anos de pesquisas em qualidade do café e a carreira acadêmica como diretor do departamento de bioquímica da Esalq/USP deixaram o professor Amorim “treinado”, como ele mesmo diz, para se aprofundar cada vez mais em pesquisa aplicada. O ano de 1975 é o marco do que viria a ser a Fermentec, quando foi convidado por Maurílio Biagi, da usina Santa Elisa, a trabalhar no incipiente Proálcool. Junto com Cícero Junqueira (Vale do Rosário) e Pedro Biagi (Usina da Pedra), Maurílio formou um grupo empresarial com maciços investimentos em pesquisa e desenvolvimento sob o comando de Henrique Amorim. Em 1980, mais uma usina entra para o portfólio, a Costa Pinto, liderada por Celso Silveira Mello e Rubens Ometto Silveira Mello.




É o início de uma busca voraz pelo conhecimento, que contou com grande apoio de seu professor da Esalq, José Paulo Stupiello, para se aprofundar nos estudos com açúcar e etanol. O setor sucroalcooleiro tinha pressa e para dar conta de destravar tantos gargalos existentes na indústria Amorim convidou para trabalhar com ele seu ex-aluno da pós-graduação, Edvaldo Zago, para colaborar na parte química, e Antonio Joaquim de Oliveira, estudioso de bactérias, uma área vital para combater a contaminação no processo de fermentação alcoólica. Essa tríade fundou, em 1977, a Fermentec.




O aumento da eficiência na produção de etanol com as tecnologias desenvolvidas pela Fermentec fez saltar o número de usinas clientes de três, em 1977, para 25 em 1983. O ano de fundação da empresa coincide com o nascimento do primeiro filho de dona Vera e Henrique Amorim, o atual vice-presidente da Fermentec, Henrique Berbert de Amorim Neto. Tudo caminhava bem, família, sucesso, reconhecimento por tanto esforço, quando Amorim sucumbe a uma depressão que durou três anos, mas sua capacidade de superar desafios na ciência se fez presente em sua vida pessoal.

Teimoso, resiliente ou qualquer outra classificação que se dê a quem é obstinado fez o professor Amorim evoluir no conhecimento das leveduras, fungos responsáveis pela transformação do açúcar em etanol. Após tantas conquistas e superação de obstáculos, o que esperar para os próximos quarenta anos? “O sentimento é de certeza que nossos 14 sócios e suas equipes vão continuar investindo 20% ou mais do faturamento da Fermentec em pesquisas, transferindo tecnologia para o setor sucroenergético e contando com trabalhadores qualificados que desenvolverão suas atividades com excelência”, finalizou Amorim.

Ao término da solenidade todas as usinas com mais de quinze anos de relacionamento com a Fermentec foram homenageadas como um gesto de gratidão pela parceria e pela grande contribuição em servirem como autênticos centros de pesquisas que promoveram tantos avanços para as indústrias, famílias, comunidades e, consequentemente, para a economia do Brasil.

A Reunião Anual é realizada anualmente em Ribeirão Preto, um dos maiores polos sucroenergéticos do Brasil, e reúne profissionais de usinas e destilarias clientes da Fermentec do país e exterior. O programa conta com palestras que traz os avanços recentes para o setor e uma feira com estandes de fornecedores de tecnologias e equipamentos para as unidades.